Rotas Tecnológicas

Detalhamento técnico das três rotas tecnológicas utilizadas no projeto H2Bios

Rotas Tecnológicas para Produção de Biohidrogênio Verde

Abordagem integrada para produção de hidrogênio de baixo carbono

O projeto H2Bios utiliza uma abordagem integrada com três rotas tecnológicas complementares para a produção de biohidrogênio verde a partir da cadeia do biogás e biomassa. Cada rota possui características específicas, vantagens e níveis de maturidade tecnológica (TRL), sendo desenvolvidas por diferentes ICTs parceiras.

A integração dessas rotas permite aproveitar ao máximo os recursos disponíveis, reduzir custos de produção e transporte, e minimizar o impacto ambiental, criando um modelo de economia circular onde resíduos e efluentes são transformados em energia limpa.

Rota Biológica: Fermentação Escura

TRL-3

Processo

A fermentação escura é um processo biológico que utiliza microrganismos para converter biomassa em hidrogênio na ausência de luz. Este processo ocorre em condições anaeróbicas, onde bactérias fermentativas degradam substratos orgânicos complexos, produzindo hidrogênio, dióxido de carbono e ácidos orgânicos.

Vantagens

  • Sem consumo de energia externa
  • Baixo custo operacional
  • Sem consumo de água (recurso escasso)
  • Baixo custo de produção
  • Possibilidade de produzir Biohitano (mistura de H2 e CH4)
  • Aproveitamento de resíduos orgânicos e biomassa

Desafios

  • Baixo rendimento de H2 por kg de biomassa
  • Necessidade de controle preciso das condições de fermentação
  • Inibição por produtos metabólicos
  • Escalabilidade do processo
ICT Responsável: EMBRAPA

Rota Termoquímica: Reforma a Seco do Biogás

TRL-5 e 6

Processo

A reforma a seco do biogás é um processo termoquímico que utiliza dióxido de carbono (CO2) para converter metano (CH4) em gás de síntese (H2 + CO). Este processo ocorre em altas temperaturas (700-1000°C) na presença de catalisadores, transformando os principais componentes do biogás em hidrogênio e monóxido de carbono.

Vantagens

  • Sem consumo de água
  • Utiliza o biogás bruto CH4 e CO2 (sem H2S)
  • Evita processo de purificação para biometano
  • Com otimização, 1m³ de biogás produz 2m³ de H2
  • Produz gás de síntese, matéria-prima para diversos produtos
  • Maior nível de maturidade tecnológica

Desafios

  • Alto consumo energético para manter temperaturas elevadas
  • Desativação de catalisadores por deposição de carbono
  • Necessidade de remoção de H2S do biogás
  • Controle preciso das condições de reação
ICT Responsável: ICT2

Rota Eletroquímica: Eletrólise da Água Residuária com MEC

TRL-3

Processo

A eletrólise da água residuária com Células de Eletrólise Microbiana (MEC) é um processo eletroquímico que utiliza microrganismos para catalisar reações de oxidação de matéria orgânica, gerando elétrons que são utilizados para produzir hidrogênio. Este processo combina tratamento de efluentes com produção de energia limpa.

Vantagens

  • Consumo 50% menor de energia que a eletrólise convencional
  • Tratamento simultâneo do efluente
  • Reaproveitamento da água no processo
  • Integração com outras rotas tecnológicas
  • Aproveitamento de águas residuárias como fonte de energia

Desafios

  • Escalabilidade dos sistemas MEC
  • Otimização da comunidade microbiana
  • Desenvolvimento de materiais de eletrodo eficientes e de baixo custo
  • Estabilidade operacional a longo prazo
ICT Responsável: UPF

Integração das Rotas Tecnológicas

A integração das três rotas tecnológicas permite maximizar a produção de hidrogênio a partir de diferentes fontes e processos, criando um sistema completo e eficiente. Os subprodutos de uma rota podem servir como insumos para outra, estabelecendo um ciclo fechado de aproveitamento de recursos.

O INMETRO atua como ICT de acreditação de laboratórios e certificação do hidrogênio produzido em todas as etapas, garantindo a qualidade e pureza do produto final. A equipe da Solarbios coordena e acompanha o desenvolvimento de cada rota e a integração entre elas, assegurando a sinergia entre os processos e a otimização dos resultados.

Esta abordagem integrada permite alcançar as metas ambiciosas do projeto H2Bios: reduzir o custo de produção do hidrogênio verde para $1,50-2,00 por kg até 2030, e atingir o custo atual do hidrogênio cinza ($1,00 por kg) até 2035.